quinta-feira, março 16, 2006

Oração a Gaya


Amada Mãe Natureza,
Amada Consciência da Natureza,
Amada Mãe Água,
Amada Consciência da Flora e da Fauna.
Amada sois.
Terras e Matas, colinas e campos.
Luz e luar.
Bendita és tu Mãe Natureza que a todos provém.
Bendita és tu, que a todos acolhe.
Em suas águas se encontra a cura.
Em suas matas se encontra a cura.
Em todo seu, a cura está.
Amada sois.
A Natureza, como um ventre materno, provém à vida aos que aqui vieram habitar.
A Natureza, como um velho sábio, ensina a vida aos que aqui vieram aprender.
A Natureza, como um novo livro, ensina ao homem a ser sábio.
A Natureza, como fonte divina, ensina aos seus como ser parte do todo.
Amada sois.
As nuvens e os rios, mostram a força das águas e dos ventos.
As nuvens e os rios, mostram quem sempre vai. Como a vida segue.
As nuvens e os rios, falam do amor que corre, como sangue nas veias das matas.
As nuvens e os rios, trazem o amor até os corações, como o oceano e o barco.
Amada sois.
Que o milagre da Mãe Natureza, seja o milagre de vossas vidas.
Que o milagre da Mãe Natureza, seja a cura de vossas vidas.
Que o respeito à Mãe Natureza, seja o respeito por vossas vidas.
Que a renovação da Mãe Natureza, seja a renovação de vossas vidas.
Amada sois.
Que a Consciência Divina das Matas, encontre ressonância em vós.
Que a Consciência Divina das Águas encontre concordância em vós.
Que a Consciência Divina das Terras, encontre abundância em vós.
Que a Consciência Divina dos Ventos, encontre elegância em vós.
Amada sois.
Amada és.
Amados vós.
Amados somos.
Que a alegria e o amor vivam em vosso coração, como a semente que germina em tenro lugar.

Poema em linha reta

Obra de Miró

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar dos olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedindo emprestado sem pagar,
Eu, que quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Quem confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Quem contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez só foi vil?

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos, nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores, sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


(Álvaro de Campos)

Paciência


Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber
A vida é tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
Será que é tempo que me falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber
A vida é tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára.

(Lenine/Dudu Falcão)

quarta-feira, março 15, 2006

Soltar


Soltar não é subtrair-me, mas perceber que eu não posso controlar os outros.

Soltar não é tentar mudar os outros, mas dar o máximo de mim.

Soltar não é corrigir, mas dar suporte.

Soltar não é negar, mas aceitar.

Soltar não é ajustar tudo de acordo com os meus desejos, mas aceitar cada dia como venha.

Soltar não é parar de cuidar.

Soltar é amedrontar-se menos e amar mais.


(Brahma Kumaris)

Só o vento

Obra de Claude Monet

O vento bate em minha face,
Ele mexe comigo, congela
Balança os meus cabelos,
Venta forte lá fora agora.
O vento me levanta a saia,
Todos se viram a me olhar
O vento não quer parar,
Sopra vento me gela a alma.
O meu corpo sente, se recente,
O vento não quer parar,
Cai um chuvisco agora,
Troveja forte lá fora,
Sinto falta do meu amor,
Que dor eu choro...
O vento a ventar, a dor
Que não quer calar.
O vento forte a ventar
A dor a aumentar,
Sinto tua falta agora
E este vento não quer parar.
(Iris Padovan)

Escuridão


Apagaram-se as luzes do salão.
Entretive-me procurando uma caixa de fósforos e uma vela,
no escuro absoluto.
Foi então que,
deparei - me com uma janela
de onde se avistava a lua e lá fiquei a admirá-la,
mesmo minguante, como estava.
Esqueci-me do que buscava,
isso já não importava.
Percebi que, a escuridão fica mais clara,
quando a enfrentamos cara a cara,
sem medo, sem susto, sem expectativas.

(Véra Lúcia de Campos Maggioni)
Todo conteúdo desta obra está protegido pela lei dos Direitos Autorais de 19 de Fevereiro de 1998.
Proibido reprodução parcial ou total da obra.
Direitos Autorais Reservados - Véra Lúcia de Campos Maggioni - Vera&Poesia

terça-feira, março 14, 2006

Desapego


"Imagine-se numa galeria de arte observando as pessoas olharem os quadros.
Dificilmente você verá alguém com a face colada na tela.
Desapego é simplesmente dar um passo para trás e observar.
Mas como isso não é ensinado por nossos pais e professores, passamos por apertos quando ficamos muito perto da tela da vida.
Mestres nunca se aproximam demais das situações, mas também nunca viram as costas para elas.
Mestres nunca consomem as emoções e humores dos outros, mas nunca negam sua validade."

(Mike George, The Path of the Slave-The Path of the Master, Retreat, Nº10, London)